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terça-feira, 5 de julho de 2011

Carreira de lutador e divulgação do jiu-jitsu

                                            

Helio iniciou sua carreira numa luta contra o boxeador Antonio Portugal, em 1932. A luta terminou por submissão, aos 30 segundos, vitória de Helio. No mesmo ano, ele lutou contra o americano Fred Ebert por 14 rounds de 10 minutos, e a luta teve que ser interrompida pela polícia, pois o barulho incomodava os moradores locais. Helio, que estava em desvantagem, foi submetido a uma cirurgia de urgência no dia seguinte.
Isto tudo foi fruto da política agressiva de divulgação da família Gracie, sempre desafiando a todos para mostrar a eficiência da luta.
Ainda em 1932, o lutador Manoel Rufino dos Santos (luta-livre) dizia que mostraria ao mundo que os Gracies não eram de nada. Num encontro no Tijuca Tênis Clube, Helio disse que viera responder ao chamado. Manoel deu-lhe um soco, e Helio levou-no ao chão, com dois ossos do crânio e a clavícula fraturadas, e o sangue espirrando. Foi processado e condenado a dois anos e meio de prisão, e sua apelação foi rejeitada. Porém, horas depois, o presidente Getúlio Vargas mandou solta-lo, provavelmente por intermédio de um amigo pessoal que era aluno de Helio. Getúlio e Helio iriam se encontrar futuramente por diversas vezes, e o filho de Getúlio, Maneco, viria a ser aluno de Helio.
O ano de 1932 também marca a primeira vitória de um ocidental contra um lutador japonês, no caso, de Helio Gracie contra Taro Miyake. Desafiou vários judocas japoneses com regras de submissão, tendo lutado inclusive no estádio do Maracanã e no Ibirapuera.

Derrotas “de fato”

Após inúmeras vitórias e uma reputação consolidada, em 1951, lutou contra Masahiko Kimura, de 38 anos de idade. O japonês venceu, e a melhor descrição do evento foi feita por ele mesmo:
“20000 pessoas foram ver a luta, incluindo o presidente do Brasil. Quando entrei no estádio, vi um caixão. Perguntei o que era, e me disseram que Helio trouxe para mim. Gargalhei. Chegando no ringue, atiravam ovos podres em mim. Quando a luta começou, Helio me agarrou pelo kimono e deu dois golpes, sem efeito algum. Minha vez, Atirei-no ao ar com diversos golpes. Tentei lhe causar uma concussão, mas o piso era muito macio. Continuei atirando-no e pensando num método para finalizar. Estrangulei. Ele tentava respirar, não tinha mais forças, e tentou se soltar estendendo o braço. Ali, apliquei uma chave de braço e tinha certeza que ele desistiria. Não o fez. Então não tive escolha senão continuar torcendo o braço. Ele não desistia. O estádio silenciava, e então o som de osso quebrado ecoou. Mesmo assim, Helio não desistiu. Pelas regras, eu não tinha escolha a não ser continuar torcendo o braço, que estava inútil. Outro osso se quebrou. E ele não desistia. Então jogaram uma toalha e venci por nocaute técnico”.
A tal chave de braço seria batizada de “Kimura”, e atualmente é um golpe do jiu-jitsu.
Outra derrota foi para o seu ex-aluno Valdemar Santana, no final da década de 40. Por muitos conhecido como o combate mais longo da história, lutaram por 3 horas e 45 minutos, quando Helio desmaiou. Ele mesmo dizia: “Não perdi, desmaiei. Como um cara 35kg mais pesado demora tanto tempo para acabar com um galinha morta como eu?”.

Fim de carreira e a Dinastia Gracie

Parou de lutar profissionalmente em 1952, e então dedicou-se a sua academia, na Avenida Rio Branco, até 1981, e após 1985, no Humaitá, onde fica até hoje. Além disso, praticamente todos os seus filhos e descendentes possuem algum elo com o jiu-jitsu e sua divulgação pelo mundo.
Seus filhos Rickson e Royce tornaram-se campeões mundiais de vale tudo, e lendas do esporte, espalhando o jiu-jitsu pelo mundo em caráter definitivo. Os Gracie montaram academias fora do Brasil, com destaque para a de Los Angeles, tocada pelos filhos Rorion, Rolker e Robyn. Isto sem contar os inúmeros sobrinhos, netos, bisnetos… O sobrenome Gracie definitivamente se atrelava ao jiu-jitsu.
Você não precisa de super-poderes pra começar a lutar jiu-jitsu
Você não precisa de super-poderes pra começar a lutar jiu-jitsu
Durante anos, afirmou que a filosofia do jiu-jitsu estava distorcida, que era o anti-jiu-jistu. Talvez por isso a luta tenha ganho a fama de coisa de pitboy. Só aceitava dar aulas para quem considerava fisicamente fraco e que poderia usar a luta como fonte de auto-confiança.

Palavra do mestre

“O Jiu-Jitsu que criei foi para dar chance aos mais fracos enfrentarem os mais pesados e fortes. E fez tanto sucesso, que resolveram fazer um Jiu-Jitsu de competição. Gostaria de deixar claro que sou a favor da prática esportiva e da preparação técnica de qualquer atleta, seja qual for sua especialidade. Além de boa alimentação, controle sexual e da abstenção de hábitos prejudiciais à saude. O problema consiste na criação de um Jiu-Jitsu competitivo com regras, tempo inadequado e que privilegia os mais treinados, fortes e pesados. O objetivo do Jiu-Jitsu é, principalmente, benificiar os mais fracos, que não tendo dotes físicos são inferiorizados. O meu Jiu-Jitsu é uma arte de autodefesa que não aceita certos regulamentos e tempo determinado. Essas são as razões pelas quais não posso, com minha presença, apoiar espetáculos, cujo efeito retrata um anti Jiu-Jitsu.”
Com toda essa riquíssima história iniciada por Carlos e Helio Gracie, não surpreende que o jiu-jitsu hoje é o esporte individual que mais cresce no país: possui cerca de 350 mil praticantes com 1.500 estabelecimentos de ensino somente nas grandes capitais. Os lutadores brasileiros têm grande reputação e o Brazilian jiu-jitsu tornou-se a arte marcial que mais cresce no mundo atualmente.

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